Quantas vezes um desentendimento, bate boca ou quase as vias de fato (para mim, inclusive estas) com editor, chefe ou patrão não chegou ao seu anticlímax com a frase:
- Ah, queres publicar? Pois então faz o teu jornal.
Aí colocávamos o rabo entre as pernas e desabávamos sobre a nossa realidade de empregados, dependentes, sem-iniciativa (com hífen mesmo).
Insubmisso, tentei uma vez fazer meu próprio jornal com equipe. Foi o Bandeira 3, que durou sete edições, em 1975.
Depois, o Informe Amazônico, sozinho, com 12 edições, entre 1980 e 1981.
Em 1987 criei o Jornal Pessoal porque não tinha onde publicar o resultado de três meses de investigação sobre o assassinato do ex-deputado Paulo Fonteles de Lima. Eu sabia que a matéria era importante (já ganhou vários prêmios e no mês passado foi reproduzida, na íntegra, pela revista Samuel, de São Paulo). Preparei um jornal mínimo; eu, o ilustrador/diagramador (meu irmão), uma gráfica e o distribuidor.
Com base em tantos anos (21 na época) de experiência, cortei a publicidade da previsão de faturamento. Venda, só avulsa. E achei que talvez viesse a durar 20/20 números. Acabou de sair a edição 514. Em setembro o jornal fará 25 anos. Uma vida. Vivida com uma intensidade que nunca esteve nos meus planos.
E nos seus?
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